quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Editor de texto e pós-produção de entrevistas em Orgulho de Ser Brasileiro



Sinopse

O documentário “Orgulho de Ser Brasileiro” discute o sentimento envolto na mais emblemática frase que se ouve no país – e que dá título ao filme - a partir de depoimentos de vários brasileiros.

Numa narrativa de busca pessoal do diretor pelo sentimento de orgulho de ser do Brasil, entrevistados como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o artista plástico Romero Britto, o técnico de futebol Carlos Alberto Parreira, a geneticista Mayana Zatz, o filósofo Roberto Romano, o dramaturgo Gerald Thomas, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, o escritor Ferréz, os músicos Max de Castro e Simoninha, o jornalista e empresário radicado na Flórida Carlos Borges, a corretora de Imóveis em Miami Yara Gouveia, o colunista de vinhos Didú Russo, o ex-ministro da Saúde Adib Jatene e o bispo emérito de Blumenau Dom Angélico Sãndalo Bernardino se dividem em depoimentos ao longo do documentário questionando o Brasil e se questionando sobre a cultura dos brasileiros e o momento do país.

Ancorado numa narrativa dinâmica com fotografia conceitual que explora vários ângulos dos entrevistados e depoimentos reveladores, o filme é permeado por trechos do hino nacional interpretado por Badi Assad. Num formato provocativo, promete ir muito além do “Ouviram do Ipiranga” ou do sentimento-padrão de que “o brasileiro é o melhor povo do mundo” a que nos acostumamos.

Não é ufanista. É pra discutir.

Não é contra o Brasil. É a favor.

É real.

Feito por brasileiros.

Sem intermediários.



Synopsis


Pride of being Brazilian is a documentary which discusses the most emblematic phrase that you hear in Brazil. The plot is the combined result of several interviews with Brazilians.

Based on the director’s personal search for the pride of being Brazilian feeling there are interviews with the former Brazilian president Fernando Henrique Cardoso, the plastic artist Romero Britto, the football coach Carlos Alberto Parreira, the environmentalist Marina Silva, the geneticist Mayanna Zatz, the philosopher Roberto Romano, the writer Ferréz, the brothers and musicians Max de Castro and Simoninha, the theater director Gerald Thomas, the Catholic bishop and social activist Dom Angélico Bernardino, the real estate broker Yara Gouveia, the wine expert Didú Russo and the journalist Carlos Borges in which they talk about the country, the Brazilian culture and this special moment for Brazil in the world.

The film explores a new concept of the feeling of pride in Brazil from different angles of photography and perspectives of the personalities interviewed. Together with the Brazilian National Anthem, which permeates the documentary, performed by Badi Assad in a unique and provocative way, it takes us beyond the original meaning of the Anthem and the exaggerated Brazilian self-description that“Brazilians are the best people in the world”.

It’s not strongly nationalistic. It’s just to provoke discussion.

It’s pro. Not against Brazil.

Just real.

Made by Brazilians.

With no foreign interference.

Degeneração Y

Os personagens animados Beavis e Butt-Head, com suas cabeças deformadas, vomitam impropérios causticamente contra costumes americanos e de outras culturas; o roqueiro Kurt Cobain cantando sobre a vontade de tirar a própria vida; o rapper Tupac Shakur entoando versos aludindo a sexo e tiroteios; os lutadores de telecatch Shawn Michaels e Triple H, junto ao boxeador Mike Tyson, apontando repetidas vezes para suas virilhas e gritando “chupa” para a plateia, enquanto no outro canal Scott Hall, Kevin Nash e Sean Waltman, amigos do outro trio nos bastidores, reproduzem o gesto numa atração rival.

A cultura de massa dos EUA nos anos 1990 foi marcada pelas figuras citadas acima, expoentes da geração X. Cenas de desrespeito por figuras de autoridade não necessariamente por rebeldia, mas em muitos casos por hedonismo, cinismo ou desilusão. Michaels e Triple H se intitulavam “Degeneração X” e diante câmeras alcançavam milhões de lares nos EUA e outros países do mundo. A globalizada MTV por sua vez expandiu a fama de 2Pac, Cobain e Beavis & Butt-Head em ainda maior proporção.

O romantismo e valores morais dos baby boomers foram trocados por pragmatismo. A Sociedade do Espetáculo de Guy Debord era cada dia mais alimentada. A televisão adotou a linguagem de edição rápida de videoclipe e o exibicionismo abria espaço para os “15 minutos de fama” alertados por Andy Warhol.

A convulsão do império
O narcisismo é oriundo da insegurança, conforme o historiador Christopher Lasch em Mínimo Eu (1984) e somando as ideias deste autor com as dos intelectuais citados acima e adicionando a comunicação de massa e o entretenimento no mundo globalizado é possível adiantar o que viria depois. Catalisada pela internet, surgiu a Geração Y. Com seus computadores pessoais, estes que são a principal força de trabalho do momento e futuros líderes políticos e empresariais potencializam sua capacidade de serem estrelas mesmo que para um público próprio e segmentado. O minuto de “fama” está garantido.

O ego e o narcisismo estão nas telas de YouTube, comentários em sites, blogs, Instagram e outras ferramentas que perderam espaço há pouco tempo ou que vão perder e serem substituídas na liquidez da internet. Para eles, existir é estar online. Tendo que muito deste narcisismo venha da insegurança. São observados contemplando o futuro desconhecendo o que os espera. Muitas carreiras podem ser seguidas e não apenas opções tradicionais como no período de seus pais e avós.

Por outro lado, ao mesmo tempo em que possuem uma vasta gama de personagens para interpretar no mercado de trabalho, há muitos atores buscando o mesmo papel. A ruptura econômica de 2008 mostrou no que o sonho americano havia se tornado e aliados e colônias despertaram convulsionando com o império.

Como semideuses

Em janeiro, a Espanha recebeu ao todo 4,98 milhões de pedido de auxílio-desemprego. As imagens das filas de emprego mostram muitos rostos jovens. A Grécia, berço da civilização, está quebrada e as cenas mostram muitos rostos sem marcas de tempo e expressão vociferando revoltados com o fim do mundo que conheciam. Em 2011, a revolta que tomou as ruas da Inglaterra, “foi um motim de consumidores excluídos”, analisou o sociólogo Zygmunt Bauman. Os Brics aparecem como vedetes da Nova Ordem Mundial, porém ao se olhar com cuidado é possível ver que agonizam com problemas de estrutura e Direitos Humanos.

Para aliviar a melancolia, a Geração Y busca alento no consumismo das marcas e “pornificação” de objetos e relacionamentos. Enquanto os preços dos imóveis não reduzem são pequenos reis em seus quartos morando com os pais comandando seus exércitos em games online. Conforme o mundo evolui, a Sociedade do Espetáculo vai acentuando seus traços. Festejam por festejar. A política cedeu espaço para a imagem, a rebeldia pronta para ser clicada e estampada em passeatas que terminam em “cervejadas”, “churrascadas” e outras “adas” acompanhadas por artistas cujos nomes não perduram por mais de uma década.

Como semideuses, estão sempre gozando nas redes sociais. Porém quando as luzes azuladas de iPhones se apagam, o som da música eletrônica é usurpado pelo silêncio e os filtros do Instagram não funcionam, esses meninos-homens contemplam o vazio horizonte com olhos cansados de idosos e percebem que estão “chupando”.

Artigo publicado originalmente no Observatório da Imprensa